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A tecnologia como aliada do agronegócio

O Fórum de Políticas Públicas do Crea-SP realizado em Mogi Mirim, na segunda-feira (1º/07), debateu a importância do investimento em tecnologias que resultam em soluções efetivas para o agronegócio. Entre especialistas convidados, profissionais da área tecnológica e gestores públicos, também foram abordados temas como: pesquisa, avanços na Agronomia, indústria e economia com foco no desenvolvimento de políticas públicas.

“A ideia de ser uma série itinerante que percorre o Estado é para colocar os profissionais no centro das discussões técnicas com o poder público, debater os problemas e auxiliar na solução deles. E, para isso, os profissionais são fundamentais, pois têm essa expertise para fazer bons projetos que resultarão na melhoria da cultura e na qualidade de vida da população”, declarou a presidente do Conselho, Eng. Lígia Mackey, na abertura do encontro.

Já o presidente do Confea, Eng. Vinicius Marchese, iniciou a mediação do primeiro painel explicando a relevância do evento e a expressividade do agronegócio para a região. “O objetivo principal é entender como podemos tornar o Crea-SP uma ferramenta de solução para as demandas da sociedade e gerar valor para os profissionais. Mogi Mirim possui uma grande produção agropecuária. Nossa safra de cana-de-açúcar, por exemplo, bateu a marca de 3,6 milhões de toneladas em 2023. O Fórum acontecer aqui ajuda a valorizar mais o setor”, disse.

A fim de entender melhor como os avanços podem impactar a cadeia, o debate enfatizou que 85% dos produtores paulistas são de pequeno porte, segundo dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA). A partir disso, os painelistas convidados refletiram sobre como esses agricultores têm acesso às ferramentas e recursos que agricultores maiores e empresas de grande porte possuem.

Para o Eng. Agr. Marcos Landell, diretor do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), órgão de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da SAA, é importante que os profissionais atuem em conjunto com um único propósito: a evolução constante. “Isso ajuda a dar um norte para a região, para o Estado e para todo o Brasil, já que temos uma área tecnológica engajada e capacitada para trabalhar em prol da sociedade, em uma região que possui uma produção agrícola tão rica”, reconheceu.

O primeiro painel debateu também sobre como as atualizações tecnológicas ao longo dos anos contribuíram para melhorar e facilitar o trabalho dos agricultores. Um dos pontos abordados durante a fala do Eng. Eduardo Navarro, vice-presidente da Lindsay América Latina, foi a suspensão de boa parte do uso de herbicidas e pesticidas, e o processo da quarta revolução do agro, focado na irrigação para aumentar a produtividade. Outro ponto levantado, desta vez por Landell, foi a efetiva utilização de máquinas no processo de colheita. “No Brasil, a cana-de-açúcar nos trouxe o que há de mais moderno, pois passamos a ter novos processos substituindo velhos costumes, como a queima pós-colheita, como fazíamos nos anos de 1980.  Hoje preservamos o solo com o uso de defensivos mais seguros e máquinas que dão 100% de aproveitamento à safra graças à pesquisa e à tecnologia. Dessa maneira, conseguimos quadruplicar a produção sem precisar aumentar o espaço”, completou.

A fala foi endossada pelo Eng. Josemar Foresti, pesquisador nas culturas de milho e soja da Corteva Agriscience. “As empresas estão preocupadas em desenvolver materiais, soluções que não agridem o meio ambiente e que ajudam a aumentar o resultado final dos agricultores e valorizá-los”. Os participantes ressaltaram ainda que a agricultura brasileira é a mais sustentável do mundo, devido às leis do Código Florestal que obrigam os produtores a ter áreas de preservação em suas propriedades. Além disso, chamaram atenção para a importância de dialogar com a população sobre as iniciativas que estão diretamente ligadas às ações de políticas públicas, para tornar os processos ágeis e mais seguros.

Quanto à administração pública, o secretário de planejamento e desenvolvimento urbano de Mogi Guaçu, Arq. Eduardo Schmidt, destacou que é necessário elaborar um plano diretor que pense no agro, pois, a tecnologia precisa estar alinhada com questões como conectividade no campo. Ao estabelecer um paralelo com a indústria, o Eng. Leonardo Ceregatti, supervisor de treinamentos para a rede de concessionários BYD, chamou a atenção para a necessidade de criar frentes de trabalho dedicadas ao desenvolvimento de soluções tecnológicas que façam parte de um ecossistema verde. Ele citou o Programa Mover, que institui a Lei de Estímulo à Mobilidade e à Descarbonização, como um bom exemplo. “A indústria automobilística pode se aproximar do agronegócio ao fomentar biocombustíveis produzidos pela cana-de-açúcar e criar novas saídas para girar essa roda”, declarou.

A diretora do departamento de Turismo do município de Espírito Santo do Pinhal, Adm. Loriane Salvi, destacou a iniciativa do turismo rural como o principal agente de desenvolvimento tecnológico da cidade. Ela ressaltou que isso só é possível com a produção de café que abre espaço para novos tipos de cultura e criação de máquinas mais modernas e permitem um aproveitamento maior do grão. “Espírito Santo do Pinhal é a terceira região de maior produção cafeeira do Brasil, temos muitas linhas de trabalho focadas no beneficiamento e no melhoramento genético das plantas. Isso tudo vem desenvolvendo o município de maneira sustentável e equilibrada devido ao movimento gerado pelo turismo rural”, reforçou.

O mediador do painel, Eng. Thiago Ananias, comentou sobre a importância da difusão das iniciativas do poder público para ajudar no desenvolvimento e atualização tecnológica das cidades. “É muito importante saber que estamos apoiados também pela área pública. Isso torna nosso trabalho muito mais fácil de ser realizado e a maneira como impactamos a vida dos munícipes, dos produtores e até mesmo a maneira como impactamos a infraestrutura dos municípios”. O Eng. Fabio Toledo, diretor da Estiva Refratários,  complementou a fala sobre a importância de políticas públicas e acrescentou que as ações realizadas pelas empresas privadas são benéficas. “Acredito que as parcerias com o setor privado são tão proveitosas quanto as que vêm do poder público. Estamos em uma constante de desburocratização que é uma benesse para o setor ao estabelecer a integração de duas forças com uma única finalidade: o crescimento e fortalecimento do agro a partir da tecnologia”, concluiu.

 

A íntegra da edição Mogi Mirim do Fórum de Políticas Públicas está disponível no canal TVCrea-SP no YouTube.

 

Produzido pela CDI Comunicação